Há momentos na história em que o tempo parece se comprimir. 2026 é um desses anos. Não porque seja excepcional pela quantidade de eventos, mas porque marca um ponto de inflexão onde tudo começa a ser diferente. E sim, começa no Brasil, porque por aqui, todo ano só começa de verdade depois do Carnaval.
Segundo um relatório recente da WGSN, 2026 será realmente o início de um novo mundo. As tensões geopolíticas, o envelhecimento acelerado da população global e, principalmente, a inteligência artificial obrigarão a sociedade a rever profundamente a forma como vive, consome e interage. Não é apenas um ano de eventos. É o ano em que as grandes questões deixam de ser abstratas e se tornam concretas.
Mas antes de mergulharmos nos dilemas existenciais da humanidade, vamos ao que realmente importa: futebol. A Copa do Mundo de 2026 acontecerá nos Estados Unidos, Canadá e México a partir de 11 de junho, e para o brasileiro, isso não é entretenimento, é religião. É o coração fora do peito. É a certeza de que, independentemente de tudo – crises, incertezas, tecnologias que nos assustam -ainda há um lugar onde a gente se une.

Assessoria : Holofote | Divulgação
Aqui está a beleza contraditória do Brasil: enquanto o mundo tenta entender como equilibrar algoritmos e ética, nós estaremos pintando as ruas de verde e amarelo, parando o país inteiro para torcer, chorando gols como se fossem vitórias pessoais. Porque a gente entende algo que o resto do mundo ainda está descobrindo: a capacidade de celebrar no meio do caos não é ingenuidade. É resistência. É uma escolha consciente de não deixar que o medo nos paralise.
Logo depois da Copa, mal teremos tempo de guardar as bandeiras, porque outubro chega trazendo consigo o peso da democracia brasileira. É quando mais de 150 milhões de brasileiros escolherão seus representantes: presidente, dois senadores, governador, deputados estaduais e federais. Curiosamente, é também quando celebramos 30 anos da urna eletrônica…três décadas de um sistema que o mundo inteiro estuda, inveja e, às vezes, tenta desacreditar sem sucesso.

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Mas entre a Copa e as urnas, há algo maior acontecendo. Algo que não respeita calendário eleitoral nem tabela de jogos: a inteligência artificial está evoluindo exponencialmente, e nem sempre para direções claras. Modelos cada vez mais autônomos já são capazes de realizar tarefas sofisticadas, desde programação até pesquisa científica, mas também trazem riscos que nos tiram o sono: operações cibernéticas destrutivas, manipulação de informações em escala industrial, eleições hackeadas por bots mais convincentes que humanos.
O problema não é a tecnologia em si. É que ela está se desenvolvendo muito mais rápido do que nossa capacidade de estabelecer controles éticos e seguros. E isso não acontece no vácuo. Estamos falando de um mundo onde 1,2 bilhão de pessoas terão mais de 60 anos apenas na Ásia em 2026, onde 54% da riqueza global ainda está concentrada nas mãos de 1% da população. A IA pode democratizar oportunidades ou cristalizar desigualdades de forma irreversível. Pode fortalecer democracias ou destruí-las silenciosamente.

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E aqui está a grande questão de 2026: o que faremos quando a mesma tecnologia que promete curar doenças puder também manipular eleições? Quando os mesmos algoritmos que conectam o planeta puderem ser usados para dividi-lo? Não temos um roteiro pronto para isso. Mas precisamos começar a escrevê-lo agora.
Cada um desses desafios é uma oportunidade disfarçada de diálogo, criatividade e reimaginação coletiva.
2026 será lembrado não pelo que aconteceu, mas pelo que escolhemos fazer com aquilo que acontecia. É o ano em que precisamos levar a sério a questão da inteligência artificial, não para impedir seu desenvolvimento, mas para dirigi-lo rumo à humanidade. É o ano em que voltamos às urnas para decidir não apenas quem nos governa, mas que tipo de futuro queremos construir. É o ano em que paramos o mundo para ver 22 pessoas correndo atrás de uma bola e lembramos que, no fim, somos todos iguais na nossa capacidade de sonhar.
O futuro não é algo que nos acontece. É algo que construímos a cada escolha, a cada dia, juntos. E depois de tudo isso, o Brasil terá seus feriados, seus momentos de alegria coletiva, seus Carnavais. Porque resistir é, também, celebrar. Porque acreditar no amanhã começa com viver plenamente o hoje.
O próximo ano chegará com eventos que nos desafiarão, tecnologias que nos assustarão, e perguntas que ainda não temos respostas. Mas virá também com a Copa do Mundo, com a democracia em ação, com a chance de escolher quem seremos.