Natureza é elemento central em proposta assinada pela FGMF Arquitetos com fotografia e curadoria de Giovanna Nucci
A apenas 30 minutos da capital paulista, um terreno de mais de 1 milhão de m² de Mata Atlântica abriga o Distrito Itaqui, em Itapevi – o primeiro distrito verde de inovação e tecnologia do Brasil e o único no mundo dentro de um fragmento florestal preservado. O distrito é a sede do Itaqui, ecossistema que engloba no seu espaço físico a morada do IT Forum, comunidade de tecnologia, consolidando mídia, dados e eventos do setor, e do Instituto Itaqui, frente de educação, pesquisa, além de empresas e startups todos movidos por um propósito em comum: unir inovação e sustentabilidade.
Missão que tem relação direta com o tema da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo: Extremos – Arquiteturas para um Mundo Quente. E foi justamente essa premissa que baseou o projeto desenvolvido pelo escritório FGMF Arquitetos para a construção de duas novas edificações no Itaqui e apresentadas na Bienal. A concepção se organiza em dois núcleos distintos. O educacional, formado por blocos suspensos que evocam a copa das árvores e criam a sensação de caminhar sob elas; e o núcleo de hospitalidade, batizado de Semente, com edificações “semienterradas” que se integram à topografia irregular, transformando o relevo em parte essencial da experiência.
Questionado sobre a concepção da obra, Lourenço Gimenes, sócio-fundador do FGMF e responsável pelo projeto afirma: “As premissas mais importantes, na verdade, são as do próprio cliente, de usar a mata e a natureza como o grande elemento de transformação. Por mais curioso que seja, um elemento de manutenção é um elemento de transformação positiva. Tudo gira em torno da preservação e da valorização daquele ativo ambiental”.

Imagem que também faz parte do projeto elaborado pela FGMF Arquitetos
Divulgação/Itaqui
Topografia e mata como protagonistas
A proposta desenvolvida pela FGMF Arquitetos para o Distrito Itaqui parte de um território desafiador: um terreno de topografia acidentada, marcado por desníveis. Longe de encarar a geografia como obstáculo, o projeto a transforma em aliada. Em vez de nivelar o solo, a ideia é justamente moldar-se à irregularidade existente. As edificações são cuidadosamente encaixadas em áreas sem vegetação nativa, respeitando a floresta e permitindo que a própria mata se recupere e expanda seus espaços.
No desenho do projeto Semente, há uma relação íntima entre terreno e arquitetura, quase uma simbiose entre as construções e a mata. Nesta área de hospitalidade, o projeto prevê habitações que vão de 35 m² a 100 m² para receber executivos, empreendedores, estudantes, professores e pesquisadores. Por baixo, essas edificações serão construídas como se estivessem “semienterradas” em cada desnível do solo. Do alto, os tetos criados como grandes lajes-jardim fazem as construções se mimetizarem na paisagem da floresta. O efeito é de continuidade: blocos e volumes tornam-se parte do relevo, ao mesmo tempo em que oferecem aos usuários uma experiência de imersão completa no meio ambiente. Por todo o desenho, a vista para a Mata Atlântica é o elemento central.
O núcleo educacional e de eventos, por sua vez, explora o conceito mais de leveza. Os blocos são elevados do chão, como se pairassem sobre o território, criando a sensação de caminhar sob a copa das árvores. Essa solução não apenas cria áreas sombreadas e permeáveis ao vento, mas garante que as pessoas possam transitar por baixo das edificações, circulando livremente de um local a outro e experimentando os espaços em múltiplos planos. O resultado é uma área de encontros, onde convivem salas de graduação, biblioteca, local de eventos, escritórios e educação corporativa.
A escolha dos materiais para a construção também é norteada pela sustentabilidade. Revestimentos metálicos, duráveis e de baixa manutenção foram priorizados. O projeto arquitetônico do Distrito Itaqui valoriza o microclima proporcionado pela floresta preservada, que regula a temperatura, aumenta a umidade e garante conforto térmico natural. Essa condição reduz significativamente a necessidade de refrigeração artificial, diminuindo custos energéticos e impactos ambientais. Ao transformar a floresta em infraestrutura viva, o Itaqui demonstra como inovação, arquitetura e natureza podem se integrar em resposta aos desafios de um mundo em aquecimento.
“Usamos a sustentabilidade para garantir o menor e melhor impacto possível no ambiente do qual que todos nós fazemos parte”, acrescenta Gimenes. Segundo o fundador do Itaqui, Adelson de Sousa, no Distrito Itaqui, a preservação da Mata Atlântica se transforma em ativo estratégico para ciência, negócios e sociedade. “Inserido em um território vivo, o espaço consolida-se como referência em inovação aplicada à biodiversidade, mudanças climáticas e soluções baseadas na natureza. No Itaqui, ciência e floresta caminham juntas para preparar a sociedade para um mundo em mudança”, explica.

Desenho do projeto Semente que será instalado no Distrito Itaqui
Divulgação/Itaqui
Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo
O projeto foi escolhido para ser exposto na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, realizada entre 18 de setembro e 19 de outubro, na Oca do Ibirapuera. O Desenho Arquitetônico do Distrito Itaqui estará disponível em um totem totalmente interativo que, além de explicar o conceito e o que é o local, traz detalhes do projeto Semente e Educacional. “O Distrito Itaqui nasceu do desejo de unir inovação, tecnologia e sustentabilidade de forma real e consistente. Para nós, a preservação da Mata Atlântica não é apenas diretriz, mas a base sobre a qual construímos um ecossistema voltado à educação, tecnologia, pesquisa e negócios. O projeto assinado pelo FGMF materializa essa visão: integrar, respeitar e transformar para melhor”, explica Fabiana Falcone, CEO do Distrito Itaqui.
Na ocasião, serão exibidas ainda fotografias de Giovanna Nucci com curadoria da própria artista. A fotógrafa tem projetos de obras paisagísticas e urbanas, com influência da arquitetura, em especial da escola Bauhaus. Serão 6 fotos impressas e dezenas no totem digital que vão construir toda a narrativa de como o Distrito Itaqui quer desenvolver seu caminho da mata para o mundo. “Pensando no tema da Bienal de Arquitetura deste ano, desenvolvi um trabalho que buscou explorar ao máximo a paisagem natural e sua interação com o que ali foi construído. Busquei, através das fotos, propor uma nova percepção de como a natureza e a intervenção humana podem se relacionar no futuro”, afirma Giovanna. No Distrito Itaqui uma exposição permanente da artista materializa a visão do Distrito sob o título “Itaqui: da ancestralidade a perenidade.”
Como resume Gimenes, sócio-fundador do FGMF: “A arquitetura é o espaço da vida. Não é sobre a arquitetura como objeto final, mas como meio. É o lugar da vida”.
14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo
Data: 18/09 a 19/10
De terça a domingo, das 10h às 20h
Local: Pavilhão da Oca – Parque do Ibirapuera
Av. Pedro Álvares Cabral, S/n – Portão 2 – Moema, São Paulo – SP, 04094-050
Sobre o Itaqui
O Itaqui é uma holding brasileira que atua com o propósito de transformar o país em um epicentro global de inovação e tecnologia sustentável. Com presença estratégica em setores como investimentos (IT Invest), educação e pesquisa (Instituto Itaqui), startups e tecnologia, com destaque para o IT Forum, o Itaqui promove iniciativas que conciliam desenvolvimento econômico, impacto social e responsabilidade ambiental. A holding lidera um ecossistema que conecta empresas, pessoas e ideias para impulsionar soluções de alto impacto, sempre guiada pela visão de um futuro em que negócios, sociedade e planeta coexistem em equilíbrio.
Sobre o escritório FGMF
Criada em 1999 por colegas da FAU-USP, a FGMF nasceu com o propósito de produzir arquitetura contemporânea, sem restrições ao uso de materiais e técnicas construtivas diversas, além de também de investigar a relação entre a arquitetura e o homem em diversas escalas. Embasado na experiência profissional e acadêmica dos sócios, a FGMF busca uma aproximação diferente e inovadora em todos os projetos propostos. Não há fórmulas pré-definidas ou rígidas: a cada desafio, partem do zero e fazem do desenho o seu instrumento de pesquisa para elaborar uma nova visão de edifício, de objeto e de cidade. Em seus mais de 500 projetos tiveram a oportunidade de lidar com um amplo espectro de programas e escalas arquitetônicas. Isso sempre reforçou sua crença de que, como a vida, a arquitetura deve ser plural, heterogênea e dinâmica.
Todo esse trabalho e dedicação resultam na satisfação de receberem relevantes prêmios. Já foram conquistados mais de 100 prêmios internacionais, e 140 nacionais. Entre os mais recentes estão: o iF Design Awards 2024 com o Aparador Desvio, desenhado para Líder. Citados pelo Korea Institute of Architecture como um dos 100 melhores arquitetos de 2023 e também selecionado pelo Archello como um dos 100 melhores escritórios do mundo no mesmo ano. Vencedor por 2 anos consecutivos na categoria “Hotéis” na América do Sul e Central do LIV Hospitality Awards. Vencedor de “Melhor escritório” da América do Sul e Central do Architizer A + Awards 2022.
Destacamos outras repetidas premiações internacionais como o italiano Dedalo Minosse, os americanos Chicago Athenaeum, IIDA e Bloomberg Americas Awards, o alemão AIT Awards, o Colombiano Rogelio Salmona, o indiano Monsoon Awards e o francês Prix Versailles Unesco, entre outros. No Brasil, recebeu, entre outros, em 2016 a premiação máxima da ASBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), o prêmio Roberto Aflalo, pelo conjunto da obra do biênio 2015-2016.
A FGMF foi escolhida como o primeiro escritório brasileiro a fazer parte no Architects Directory da revista britânica Wallpaper, que apresenta anualmente os 30 escritórios de arquitetura ‘mais talentosos do mundo’, e é também o único brasileiro a ter sido premiado no WAN Awards 21 for 21, premiação que elegeu os ‘21 jovens líderes da arquitetura do século XXI’. A FGMF vem realizando diversos projetos na Europa, com retrofit de prédio histórico no Porto, em Portugal e diversos projetos em andamento em países variados como Grécia e Vietnam. Além disso, seus projetos vêm sendo publicados em mais de 40 países. E costumeiramente participam de seminários, exposições e bienais nacionais e internacionais. A FGMF considera o reconhecimento e exposição como estímulo e oportunidade para projetos mais criativos, interessantes e investigativos.
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