Instalação América do Sal ocupa estande solo na seção New Entries da feira em Turim, Itália
Na sua primeira participação na Artissima, a mais importante feira de arte contemporânea da Itália, a galeria Galatea apresenta um projeto solo da artista brasileira Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, 1983), dentro da seção New Entries, voltada a jovens galerias com atuação internacional
![Sem título, da série América do Sal [Untitled, from the Salt America series], 2025. Foto: Ding Musa](https://arquitetura.vivadecora.com.br/wp-content/uploads/2025/10/CC-0154-baixa-@Ding-Musa-DIN6521-1015x1024.jpg)
Sem título, da série América do Sal [Untitled, from the Salt America series], 2025. Foto: Ding Musa
Uma rede que conecta corpos, territórios e culturas
O projeto América do Sal nasceu em 2021, durante uma residência artística em Maquiné, no sul do Brasil, onde a artista observou a convivência de comunidades indígenas Mbya Guarani, quilombolas e descendentes de imigrantes europeus. Cordeiro identificou, entre essas culturas, um padrão comum de tramas e tecelagens em atividades cotidianas e artesanais — um fio simbólico que inspira a instalação apresentada na feira.
Ao centro do estande, uma grande rede feita à mão com barbante de algodão ocupa o espaço horizontalmente, à altura do pescoço, exigindo que os visitantes se curvem, se abaixem ou atravessem a estrutura para seguir adiante. A rede sustenta pequenas trouxas de sal grosso costuradas em tecido, que pendem como frutos, memórias ou pontos de energia. O ato de atravessar essa rede — gesto que envolve o corpo — carrega a potência de um rito simbólico de passagem, proteção e purificação.
“Os saquinhos de sal remetem aos patuás, aos banhos de limpeza feitos do pescoço para baixo, e também à conexão com a terra”, explica Carolina Cordeiro. “É um trabalho poético, sutil, delicado. Fala do território e de sua expansão — não como fronteira, mas como entrelaçamento.”
![Carolina Cordeiro 1983Sem título, da série América do Sal [Untitled, from the Salt America series], 2021/2025
Sal, barbante, tecido de algodão e pregos de aço [Salt, twine, cotton fabric and steel nails]
6 x 600 x 300 cm [2 3/8 x 236 1/4 x 118 1/8 in]
(CC-0138)](https://arquitetura.vivadecora.com.br/wp-content/uploads/2025/10/CC-0138_baixa_@Ana-Pigosso-1024x683.jpg)
Carolina Cordeiro 1983 -Sem título, da série América do Sal [Untitled, from the Salt America series], 2021/2025
Sal, barbante, tecido de algodão e pregos de aço [Salt, twine, cotton fabric and steel nails]6 x 600 x 300 cm [2 3/8 x 236 1/4 x 118 1/8 in] (CC-0138)
Instalação viva e sensível ao espaço
América do Sal é uma obra em processo, que se transforma a cada nova montagem. Em Turim, será apresentada pela primeira vez fora do Brasil — e, fiel à natureza do trabalho, a trama será costurada pela própria artista no local, durante os dias que antecedem a abertura da feira. Esse gesto confere ao projeto uma dimensão performática e acentua seu vínculo com o tempo, o corpo e o contexto.
Além da instalação central, o estande apresenta obras de parede que desdobram os mesmos materiais — barbante, sal, tecido, pregos — em tramas menores, formando composições visuais delicadas, silenciosas e intensamente simbólicas. Formalmente, essas obras dialogam com movimentos como a Arte Povera italiana, pela economia de meios, e evocam artistas como Marisa Merz, e os trabalhos em que criou tramas com fios de cobre tecidos.
“A obra de Carolina propõe um olhar sobre o que nos conecta”, observa Fernanda Morse, curadora da Galatea. “É um trabalho que fala de convivência, cuidado e ancestralidade. A rede torna-se metáfora de um tecido social — cada nó é um ponto de encontro entre histórias, saberes e culturas.”
Poética material e espiritualidade brasileira
Embora o título América do Sal evoque o famoso poema de Oswald de Andrade, a artista revela que sua origem vem de uma camiseta com a inscrição “América do Sul / América do Sol / América do Sal”, que ela usava durante a infância. Ainda assim, a relação com o modernismo antropofágico é inevitável: a obra reinterpreta símbolos e práticas da cultura popular e espiritual brasileira, ressignificando-os em uma linguagem contemporânea, universal e profundamente poética.
O sal, como elemento central, atua como matéria ritualística, espiritual e orgânica. É também símbolo de permanência e de transformação. Em América do Sal, a artista entrelaça arte, espiritualidade, história e corpo, fazendo da instalação um espaço de passagem, cura e reconexão.
Sobre a artista
Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, 1983) é artista visual com formação em artes plásticas e filosofia. Vive e trabalha em São Paulo. Sua obra investiga sistemas simbólicos, espiritualidade, ancestralidade e o vínculo entre corpo e território. Participou de residências artísticas no Brasil e no exterior, com exposições individuais e coletivas em instituições e galerias reconhecidas. Trabalha com uma variedade de mídias, com ênfase em práticas manuais e materiais orgânicos.
Sobre a Galatea
Sob o comando dos sócios Antonia Bergamin, Conrado Mesquita e Tomás Toledo, a Galatea conta com dois espaços vizinhos na cidade de São Paulo: a unidade localizada na Rua Oscar Freire, 379 e a nova unidade localizada na Rua Padre João Manoel, 808. A galeria também tem uma sede em Salvador, na Rua Chile, 22, no centro histórico da capital baiana.
A Galatea surge a partir das diferentes e complementares trajetórias e vivências de seus sócios-fundadores: Antonia Bergamin, que foi sócia-diretora de uma galeria de grande porte em São Paulo; Conrado Mesquita, marchand e colecionador especializado em descobrir grandes obras em lugares improváveis; e Tomás Toledo, curador que contribuiu para a histórica renovação institucional do MASP, saindo em 2022 como curador-chefe.
Com foco na arte brasileira moderna e contemporânea, trabalha e comercializa tanto nomes consagrados do cenário artístico nacional quanto novos talentos da arte contemporânea, além de promover o resgate de artistas históricos. Idealizada com o propósito de valorizar as relações que dão vida à arte, a galeria surge no mercado para reinventar e aprofundar as conexões entre artistas, galeristas e colecionadores.
Artissima 2025: Carolina Cordeiro – América do Sal [Salt America]
Local: Oval, Turim, Itália
Estande: Fuxia 2
Seção: New Entries – Artissima 2025
Datas da feira: 31 de outubro a 2 de novembro de 2025
Mais informações: https://www.galatea.art/
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